Já teve tempo ou oportunidade de observar e admirar o fogo, nem que seja em uma simples e rigorosa fogueira, em um enorme e cauteloso incêndio, em um pequeno ou grande pedaço de papel ou em um prazeroso e trágico, cigarro? Não foi uma das minhas melhores idéias, meus olhos arderam feito pimenta, parecia queimadura de sol quente em dia de verão, e minha pele se ressecava com a temperatura desproporcional ao ambiente. Parece tão desnecessário, pouco importante, parece sem finalidade, sem contexto, sem vida, parece dor, angustia, sofrimento, parece desenvolvimento, missão, evolução e causa. Ele arde e incomoda, ele machuca e deforma, ele aquece e esquenta, ele ilumina e traz brilho, ele queima e prejudica, ele é minha fonte, ele é sua fonte. Ele me machuca mas me ajuda, me prejudica mas me mantém viva, como pode, não tem nexo, duas coisas contrarias em uma única vez. É o fogo, nosso rei, nossa força e nossa criação, é o fogo nossa esperança e insatisfação, é o fogo nossa gloria e desprezo, nossa dor e nosso ódio, nossa honra e desejo, é ele, o fogo, nosso prazer e loucura, nossa loucura e prazer, é apenas o fogo, sem compromisso ou causa, apenas existente. Queima, arde, destrói, arruína, mas sobrevive. Queima, arde, destrói, arruína, mas consiste. Queima, arde, destrói, arruína, mas reconstrói. Use sua mente, sinto na pele, não se queime, apenas aproxime-se, mas não tanto, pois sua sensível pele pode se irritar, não se distraia, ele é traiçoeiro, rigoroso e esnobe, pode te ajudar, mas pode te prejudicar, não tenha medo, você o comanda, mas tome cuidado, pois ele desobedece, sinta na pele, arde feito fogo, queime feito pólvora, e voe feito cinzas, esse é o fogo, ele queima, arde, destrói e arruína, ele aquece, esquenta, ajuda e conforta.
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